quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Iceman: "Quem Salvará a Honda?"

Honda RA 108

Amigos leitores, amantes do automobilismo. Alguém aí aposta da Honda para 2008? A Honda que trás Ross Brown a preço de ouro, que tem Jenson Button, a velha promessa inglesa, que tem Rubens Barrichello, melhor segundo piloto da história, tirou a aposentadoria de Alexander Wurz com sua vasta experiência, enfim, tem atributos para se consolidar como uma grande equipe. Não tem pilotos medianos como a rival irmã Toyota, tem pilotos vencedores como Barrichello, ou com pinta de vencedor como Jenson Button. O inglês foi muito criticado, mas quando tinha um equipamento à altura na Honda, fez por merecer, inclusive sua primeira vitória na Hungria em 2006. Barrichello tem um currículo incontestável, 9 vitórias, dois vice-campeonatos, 13 pole-positions. Foi para a Honda em 2006 falando em título, passou 2007 sem pontos.

É triste ver uma equipe como a Honda, comprometida com a categoria, que levou muitos ídolos ao Campeonato Mundial, estar em queda livre rumo ao fracasso. Acontece que os japoneses perderam a mão. Abandonaram o projeto do RA106 que era um carro médio e fizeram o desastroso RA107. Muitos se perguntaram porque a Honda não recuperou o carro antigo e partiu daquele ponto. Mas não recuperou, amargou maus momentos, finalizou com seis pontos sofridos de Button em corridas magistrais. Sim, porque com a Honda 2007 qualquer ponto alcançado era uma glória. A Super Aguri na Austrália entrar no Q1 com Sato, com o RA106 maquiado, e a Honda no fundo do pelotão já previa o ano catastrófico dos japoneses. Aliás a Honda se perdeu na aerodinâmica, no designer, e na administração. O carro é lento, feio e a equipe colhe frutos de uma gestão nada promissora. Aliás, alguém se lembra de Gil de Ferran à frente da Honda? Ele entrou quieto e saiu calado, não fez alarde, não deu muitas entrevistas e, é bem verdade, não fez nada, e saiu com o navio à deriva.

Amigos leitores, a Honda perdeu a mão completamente, seus pilotos estão desmotivados, o projeto é uma verdadeira aula de regressão e ao invés de olhar para trás e ver o que eles erraram, eles continuam errando. Um carro de F1 não é radicalmente diferente um do outro. Tudo é um processo evolutivo. Mas como evoluir do limbo? Como diria Nietzche “Recuei, sim, mas recuei como alguém que se prepara para dar um salto maior”. Sábias palavras do sábio, mas a Honda não as conhece, ou não as faz uso. Ela preferiu partir do zero, ao invés de olhar para o RA106. Nessas horas é que vemos o salto de qualidade que se é possível fazer com uma equipe grande, lembram-se da Ferrari de 2005, um desastre, mas disputou o título em 2006, e venceu em 2007. É esse o salto que espera ter a Renault com a volta de Alonso, o poder de reação depois de uma catastrófica temporada. Mas equipes grandes são equipes grandes. Toyota, Honda, BMW, Red Bull, elas se acostumam com a pequenez de seus resultados. Elas tentam melhorar, por medo de tentar ousar. Elas buscam resultados dentro de suas realidades. Elas ficam amortizadas, baqueadas e não tem poder de reação. A Honda poderia ter tomado um choque e feito um carro pelo menos descente. Mas a mentalidade é volúvel, depois de alguns testes, a decepção é clara na fisionomia dos engenheiros, mecânicos, dos pilotos. E o grande problema da Honda em ter esses grandes pilotos é que Barrichello está próximo do final de sua carreira. Já tem nove vitórias, dois vice-campeonatos, treze pole-positions, a única coisa que lhe falta no currículo é o campeonato mundial, e qual a motivação que ele terá na Honda que não anda? E Button, que tem obrigação de mostrar seu talento, ainda mais com a ascensão de Lewis Hamiton, qual a motivação em fazer um time desse sair do fundo do poço? Não terão a motivação de um Sutil que fez correr a Spyker, ou de um Vettel e de um Bourdais que fazem correr uma Toro Rosso, e até a de um Sato dar pontos à Super Aguri. Esse é o grande problema. A Honda sofre de falta de perspectiva. Sabe que a temporada pode ser até pior que a antecessora e isso, amigos leitores, é um mau presságio. E enquanto a Honda salva o planeta, quem salvará a Honda?


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Um comentário:

Prof. Augusto Roque disse...

Isso acontece porque sobra grana e os recursos não são bem administraveis.s...se eles seguirem o Toyota way...as coisas vão demorar para se encaixar novamente.