domingo, 21 de março de 2010

SENNA 50 ANOS: E A PIZZA NUNCA MAIS FOI A MESMA...

Era tradição, na sexta escolhíamos os sabores das pizzas, sempre uma de mussarela, outra de qualquer coisa, menos aliche, uma garrafa de dois litros de coca cola que seriam previamente colocadas carinhosamente na geladeira no sábado e que por ali permaneceriam até na manhã de domingo perto das nove, quando as transmissões da corrida se iniciariam. Quase sempre se desligava o som da televisão e se colocava em alguma rádio, principalmente a Bandeirantes por causa do Edgard Mello Filho e suas onomatopéias (o motor veio meio vrum, está fazendo préc, blac e tudo parecia mais um filme do seriado do Batman com os expectadores tentando adivinhar que raios o locutor queria transmitir ou passar para os pobres ouvintes).

Explicando melhor a introdução, lá pelo final dos anos 80 e início dos 90, eu, o Abrão Goldstein, meu sócio no consultório e o Gerson, escolhíamos uma casa para assistir formula 1 no domingo pela manhã. E antes dá-lhe discussão do programa Sinal Verde e de jornais, líamos e discutíamos o que o Prost falou, o Mansell e mais a opinião de alguns outros pilotos e principalmente a “Flying Lap” do Senna.

Início da prova, era um tal de ver a diferença, quando deixávamos o som da televisão, gozações sobre as bobagens ditas pelo Galvão, como pode se ver não é de agora que ele era GaGalvão! E sempre que alguém falava que o sujeito vinha bem, que estava melhorando seu tempo, era fatal... quebrava ou acabava sendo ultrapassado!
Já no início da prova as deliciosas iguarias eram degustadas com a melhor etiqueta possível, coca cola em copos de plástico e a pizza delicadamente acondicionada em nossas mãos e dá-lhe vai FDP, encosta porra, joga este merda prá fora, cacete Galvão, quanto tempo ele ficou parado nos boxes...

Era tradicional a reunião, cada domingo na casa de um para não acordar a mulherada... ou melhor a mesma mulher, pois a barulheira era maior que em estádio de futebol. No final a musiquinha, mais comentários, análises, avaliação da pontuação ou de chingamentos, contas sobre a pontuação do campeonato, etc...

Isto foi padrão, quase que uma obsessão, por alguns anos, com o Senna a coisa ficou mais séria, a mudança para a McLaren, as corridas quase com final previsível, assim como as pizzas, a coca cola...Até aquele primeiro de maio de 94, depois disto o pessoal passou a não se reunir mais, mas dá ainda uma saudade danada.

Hoje a pizza já não é mais escolhida, é a que sobra do sábado, claro que guardada cuidadosamente na geladeira, a coca cola já não tem o mesmo gosto, os tempos você checa pelo computador, o tempo de volta, diferenças, apenas uma coisa continua a mesma, um filhote pentelho que me acorda as sei lá que horas da madrugada para ver o treino, corrida do Japão, Barhein, e me manda email, foto, pergunta se li o comentário, se vi a página não sei de que site, que vai ver até corrida de caramujo e ainda torce.

Esta coluna, mais do que para mostrar o que fazíamos no tempo do Senna, vai para o filhote que mais herdou o gosto de pular muro de Interlagos, de acampar, de juntar todo tipo de tranqueira, principalmente carrinhos.

Tô, com acento mesmo, apesar de você não gostar, esta coluna é para você!

Um grande abraço a todos, e o que mais marcou este tempo todo pós Senna, foi que quando o bichinho do vrum pica você, não sai jamais. É só vocês se verem, no retão com dilúvio, com um sol de rachar, serve também para o Anhembi, e sem banho de mangueira, com choro, com desce FDP.

Mantenham a amizade e Tô: um beijão filhote!

Dr. Roque

5 comentários:

Rodrigo Lopes disse...

Acho que se tem alguma coisa que todos os pais conseguiram passar para os filhos entre os anos 80 e 90, foi o carinho, respeito e admiração pelo nosso querido Ayrton!!!

Igor * @fizomeu disse...

esse bichinho do "vrum" deixa sequelas pra sempre... só me resta agradecer ao meu pai e ao grande ayrton por me "infectarem" desse modo, irreversível!!!

Marcos - Blog da GGOO disse...

O bichinho do "vrum" eu peguei do meu pai tb, mas na época do Émerson, e logo em seguida veio Piquet, que me fez gostar do vício.
Senna foi assim um tipo de droga mais forte, que afetou de vez os neurônios e clínica nenhuma conseguiu desintoxicar!

PS: dinossauro é a mãe!!

Daniel Macarenco disse...

Eu não tive um pai que gostasse de velocidade. Na época do Senna ele assistia, mas eu dormia, minha mãe também assistia. Mas depois de 94 nunca mais assistiram, as vezes acordo meu pai e ele diz, hoje não, como sempre. Meu irmão foi jogador de basquete, o mesmo para minha irmãs, minha mãe torcia para o "Santos do Pelé" e meu pai não tem la muita simpatia com esporte.

Não tenho nem idéia de onde veio a paixão pelo automobilismo, nunca tive amigos que gostassem de velocidade, só agora, na GGOO. Acho que sou uma raridade nesse assunto, nãotive influencia nenhuma. Mas não reclamo do meu pai, ele é corinthiano e me levou para ver um jogo do Palmeiras em meio a Mancha Verde.

E Roque, eu sei que voce chorou depois de ler o texto, larga a mão de ser viado, de um abraço no teu pai, um beijo (é teu pai po!) e confesse isso aqui para a gente.

Parabéns Dr.Roque! É um paizão.

Obs: Mas o filho é feio ein!

Prof. Augusto Roque disse...

É...tem como não se emocionar com isso?

Valeu pai, valeu mesmo.

PS: vai ter troco...risos