terça-feira, 25 de outubro de 2011

Frank Williams tenta reviver parceria de sucesso com os árabes*

* Por Lívio Oricchio

Apesar dos 69 anos de idade e da tetraplegia, Frank Williams não arrefece o ritmo. E sua determinação continua inabalável. Nos últimos dias realizou peregrinação entre nações árabes. Esteve no Qatar e na Arábia Saudita. Seu desejo é reviver a época em que os petrodólares árabes permitiram sua equipe surgir como uma das forças da Fórmula 1, no final dos ano 70.

Agora, ajudaria o time em vários sentidos também: reerguer-se tecnicamente e contratar o finlandês Kimi Raikkonen para liderar a organização na área esportiva. Mas muitos na Fórmula 1 questionam se Raikkonen voltaria em condições de realizar o trabalho depois de dois anos fora da competição.

Em 1977, os sauditas, através da Saudia Arabian Airlines, estabeleceram contrato de patrocínio com Frank Williams. Nesse mesmo ano, Williams ofereceu ao engenheiro Patrick Head 33% da escuderia em troca de assumir a direção técnica e ser o responsável pelos projetos dos carros. A associação funcionou bem. Em 1980, a Williams foi campeã com Alan Jones além de ficar com o título dos construtores.

A situação, agora, se assemelha à de antes do acordo com os árabes. Este ano só não vai perder a disputa entre equipes para os três estreantes no ano passado, Lotus, Marussia Virgin e Hispania. Em vez de receber, por exemplo, US$ 100 milhões (R$ 180 milhões), como a Red Bull, por ser a campeã, Frank Williams verá depositado na sua conta somente US$ 23 milhões (R$ 43 milhões), por ser a nona colocada entre os construtores.

Pela primeira vez na história da Fórmula 1 uma equipe abriu seu capital na bolsa de valores. A Williams disponibilizou ações na Bolsa de Frankfurt, em março. Em razão do fraco desempenho na temporada, não vai gerar receita aos investidores. Como forma de responder a essa situação grave, Frank Williams reestruturou a organização. Contratou o polêmico e questionável diretor-técnico Mike Coughlan e agora tenta Raikkonen, com a ajuda dos árabes.

Na sua cabeça, a receita para voltar a ser grande é simples: dispor de um bom carro, concebido por Coughlan, bem administrado pela equipe, dotada de importante orçamento, vindo dos árabes, e conduzido por um grande piloto, Raikkonen. Há quem diga, no entanto, que Coughlan nunca fez um carro competitivo e o finlandês, se voltar à Fórmula 1, produzirá ainda menos que Michael Schumacher.

Dentre esses cidadãos que não acreditam na eficiência de Raikkonen, caso volte, estou eu. A razão do finlandês desejar regressar é uma só: dinheiro. Este ano não tem salário. Só está saindo do seu cofre. E não é pouco. Disputou provas de rali com equipe própria e por conta de orçamento reduzido nem mesmo cumpriu o calendário, o que lhe valeu uma punição.
Mais: a empresa que tem associado ao inglês Steve Robertson administra a carreira de vários pilotos, dentre eles o talentoso brasileiro Felipe Nasr, o que quer dizer que Raikkonen tem de investir elevadas somas de dinheiro. E esses jovens ainda não entraram na fase de repassar à Raikkonen-Robertson o investido e, claro, o extra, o lucro, razão do negócio.

Se já na última temporada na Fórmula 1, em 2009, pela Ferrari, Raikkonen não foi nem a sombra do piloto que disputou título com Michael Schumacher, a ponto de ser dispensado pelos italianos, agora, depois de dois anos parado, colocaria 9 das minhas 10 fichas que cometerá erros de toda natureza e não será veloz, ao menos como antes. Não deverá contribuir muito com a reconstrução da Williams. Aliás, como muitos profissionais da Fórmula 1 não confio também nessa dupla de técnicos que responderá pelo modelo de 2012 e gestão do time, Mike Coughlan e Mark Gillan.

Portanto, se não der para Rubens Barrichello, como é, neste momento, mais provável, não estará perdendo grande coisa.

2 comentários:

Igor * @fizomeu disse...

será??? [2]

Marcos - Blog da GGOO disse...

A análise é bem sensata.
E não é a primeira vez que se comenta que o Kimi não desenvolve carro p*rr@ nenhuma, só senta e anda.
Isso seria serviço do Barrica, que reconhecidamente faz isso bem, mas sem o din din pra investir em tecnologia, não há milagreiro que desenvolva nada.
Eu, particularmente, não apostaria em Kimi pra isso. O que eles podem estar tentando é atrair patrocínio com a vinda dele pra equipe.