quinta-feira, 19 de julho de 2012

Alemanha encerra primeira metade de um grande campeonato*

* Por Lívio Oricchio


A prova de Hockenheim, na Alemanha, domingo, encerra a primeira metade do campeonato. O calendário, este ano, terá 20 etapas. O GP da Grã-Bretanha, último realizado, dia 8, foi o nono. Até a sétima corrida, no Canadá, quatro pilotos disputavam ponto a ponto a liderança do Mundial, Lewis Hamilton, da McLaren, Fernando Alonso, Ferrari, e Sebastian Vettel e Mark Webber, ambos da Red Bull.

Mas o acidente de Hamilton com Pastor Maldonado, em Valência, e o fraco desempenho da McLaren em Silverstone fizeram com que Alonso, líder com 129 pontos, Webber, segundo, 116, e Vettel, terceiro, 100, se distanciassem um pouco na luta pelo título. Hamilton caiu para quarto, 92, e Kimi Raikkonen, Lotus, com 83, é o quinto colocado.

A boa notícia é que McLaren e Lotus vão estrear em Hockenheim uma versão bastante distinta dos carros que vinham usando, como fizeram Ferrari, no Canadá, e Red Bull, em Valência. Em outras palavras, a luta pelo campeonato pode relançar Hamilton e, quem sabe, incluir Raikkonen nessa história, estendendo para a segunda metade da competição a imagem da primeira, uma das mais concorridas de todos os tempos.

Não há como não relacionar o espetáculo à presença de seis campeões do mundo em atividade, ou 25% do grid, ao lado do regulamento mais restrito, este ano, e às características dos pneus Pirelli, concebidos para colaborar com o show, por apresentarem breve vida útil e o desafio de acertar o carro para melhor explorá-los.

Sete vencedores distintos de cinco equipes diferentes, assim começou a atual temporada. Recorde desde a origem da Fórmula 1, em 1950. Outros números explicam melhor a supercompetitividade:seis pilotos, de cinco times, estabeleceram pole positions e nada menos de 11, dos 24 que largam, ou 45%, chegaram ao pódio.

“O sucesso está ao alcance de mais gente. Não é uma fórmula melhor que aquela em que salvo um grande surpresa, que quase nunca acontecia, já se sabia que Michael Schumacher seria o vencedor?”, questionou Bernie Ecclestone ao Estado, em Silverstone. O brilhante piloto alemão conquistou cinco títulos seguidos com a Ferrari, de 2000 a 2004. “Quantos pilotos podem vencer a corrida, hoje?” emendou Ecclestone no domingo pela manhã, antes da largada do GP da Grã-Bretanha.

Das nove etapas disputadas até agora em apenas quatro o autor da pole position chegou à vitória. Nico Rosberg, Mercedes, na China, Vettel, em Bahrein, Pastor Maldonado, Williams, na Espanha, e Webber, Mônaco. “Não é mais imprescindível largar na frente para ganhar as corridas, apenas importante”, comenta Raikkonen. O finlandês ficou de fora da Fórmula 1 em 2010 e 2011, quando era fundamental.

Isso tudo significa uma coisa: as características dos pneus e o flap do aerofólio traseiro móvel (DRS) aumentaram de forma significativa a possibilidade de se ultrapassar. Os dois recursos geram elogios, pela imprevisibilidade introduzida, essencial ao esporte, e críticas, sob a alegação de agirem de forma artificial na disputa.

De qualquer forma, Raikkonen largou em 17.º na Austrália e terminou em 7.º. No GP de Bahrein, por pouco não vence depois de começar a prova em 11.º e seu companheiro de Lotus, Romain Grosjean, foi 6.º em Silverstone apesar de ter caído para último, ao final da primeira volta, por se envolver num acidente.

As corridas têm, agora, um andamento muito mais emocionante, mais de acordo com o que a maior parte dos seus fãs deseja. “Quantas mudanças não temos visto nas últimas voltas?”, lembrou Ecclestone. E há boas razões para se acreditar que o espetáculo prosseguirá assim no restante do campeonato, quem sabe até com Hamilton de volta à luta pelo título. Talento não lhe falta para acompanhar os três que hoje estão lá.

Nenhum comentário: