terça-feira, 11 de setembro de 2012

À prova de confusão*

* Por Luis Fernando Ramos


A semana turbulenta de Lewis Hamilton pode tê-lo deixado imune à confusão. Nos últimos dias no paddock de Monza, só se falou numa possível transferência sua para a equipe Mercedes. O inglês deu de ombros às especulações e tratou de se concentrar na pista, o que deu grande resultado: domínio total nos treinos livres, pole-position e a primeira vitória de sua carreira no Grande Prêmio da Itália.

"Venho a este país desde meus 13 anos de idade. Aprendi a amar sua cultura, a comida e o país como um todo. Foi por isso que pintei uma bandeira italiana em meu capacete neste final de semana. Monza é um circuito histórico e fiquei pensando em todos os grandes nomes que venceram aqui. Que eu finalmente tenha conseguido é a cereja do bolo", festejou o piloto da McLaren.

Hamilton passou incólume a uma corrida bastante movimentada, cheia da acidentes, incidentes e quebras. E que trouxe também o brilho de dois pilotos que saíram do fundo do grid para o pódio. Sérgio Perez inverteu a estratégia de pneus, largando com o composto mais duro. Isso lhe rendeu dividendos ao ser o último a parar nos boxes dos que só fizeram um pitstop e ultrapassar quem tivesse pela frente na parte final da corrida. Um segundo lugar que garantiu o terceiro pódio do mexicano da Sauber na temporada.

Mas o outro grande vencedor do domingo foi Fernando Alonso. Largou em décimo, sobreviveu a uma dura e polêmica batalha contra Sebastian Vettel e terminou em terceiro lugar, vendo o abandono de adversários na luta pelo título, como Vettel, Mark Webber e Jenson Button.

"Um domingo perfeito para o campeonato, aumentando a vantagem na tabela. Uma pena a recuperação de Perez no final. Mais do que por mim, pois são apenas três pontos, sinto por não termos conseguido um pódio duplo e não ver Felipe entre os primeiros. Acho que ele merecia".

A menção do espanhol sublinha como a Ferrari ficou satisfeita em ver o brasileiro fazendo o que ela espera dele. "Fiz meu trabalho. Minha meta é fazer o melhor trabalho possível com o carro que tenho nas mãos e hoje eu fiz. Um piloto vive de resultados e hoje foi um bom resultado para a equipe", disse o brasileiro, que cedeu a posição ao espanhol a treze voltas do final.

O lance mais discutido do dia foi um que parecia um replay de uma manobra ocorrida no ano passado, só que com papéis invertidos. Agora foi a vez de Sebastian Vettel espremer Fernando Alonso para fora da pista numa tentativa de ultrapassagem na Curva Grande. O espanhol conseguiu controlar sua Ferrari, mas reclamou bastante pelo rádio. Posteriormente, Vettel recebeu uma punição de Drive Through. E não gostou. Até porque, no ano anterior, Alonso fez manobra parecida e não aconteceu nada. "Do meu ponto de vista, não foi uma punição correta. Mas não cabe a mim julgar".

Fernando Alonso se recusou a comentar a cena com a imprensa, mas o chefe da Ferrari, Stefano Domenicali, apontou que o padrão de julgamento mudou em 2012. "Depois do que aconteceu no Bahrein (manobra entre Nico Rosberg e Fernando Alonso), houve uma explicação dos comissários de que o piloto à frente deve deixar espaço no caso de quem vir atrás ter pelo menos colocado o bico no carro ao lado. Não há discussão. A manobra do ano passado pode ter sido parecida, mas neste ano a regra é diferente".

Sem fazer parte da polêmica, o chefe da McLaren, Martin Whitmarsh, acha que o fator local pesou na decisão dos comissários. "Pessoalmente, achei a punição um pouco dura. Mas, também, estamos na Itália", tripudiou.

Com o Drive Through, Vettel perdeu cinco posições. Mas a punição foi o menor de seus problemas na corrida. A seis voltas do final, o alemão abandonou a corrida com um problema no alternador quando ocupava a sexta posição.

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