segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

As voltas que o dinheiro dá*

* Por Luis Fernando Ramos


A Lotus usou de bom humor para anunciar sua dupla de pilotos para a próxima temporada, formada por Romain Grosjean e Pastor Maldonado. Na conta do time do twitter foi publicada uma foto de um acidente entre os dois na época da GP2 com a legenda: “Você nunca esquece sua primeira vez”.

A ironia não esconde o fato do time de Enstone contar com dois dos mais erráticos pilotos dos últimos anos da Fórmula 1. Em 2012, Grosjean e Maldonado foram o principal alvo de críticas a um estilo de pilotagem irresponsável, causador de acidentes e que coloca a segurança dos outros em risco. O francês, inclusive, foi suspenso por uma corrida após provocar uma batida múltipla na largada do GP da Bélgica.

Mas neste ano Grosjean provou ter aprendido com os erros, admitindo ter recebido até mesmo uma ajuda psicológica para isso. Se mostrou na pista um piloto seguro e correto. O mesmo não pode ser dito de Maldonado, que fez manobras questionáveis até mesmo em cima do companheiro de equipe. Quem sabe, no time novo, se recupere como aconteceu com o francês.

A contratação do venezuelano por parte da Lotus também traz uma ironia histórica. Em 2005, ele fazia parte do programa de jovens pilotos da Renault, comandado justamente pelos diretores da equipe de Fórmula 1 em Enstone. Até causar um acidente absurdo na prova da World Series em Mônaco, ao atropelar um fiscal de pista depois de ignorar bandeiras amarelas agitadas no local de um acidente.

O piloto foi suspenso por quatro corridas e imediatamente expulso do programa da Renault. Além disso, foi banido de correr no Principado pelo resto de sua vida, decisão dos homens fortes do automóvel clube local. O governo venezuelano agiu rápido e conseguiu reverter a decisão depois de pagar uma multa milionária. E Maldonado pôde voltar a correr em Mônaco.

Agora, o mesmo dinheiro público da Venezuela vai garantir sua presença na equipe que, no passado, o havia dispensado. Dizem que dinheiro não compra talento. Mas, no estágio atual da F-1, quem precisa de talento quando se tem tanto dinheiro?

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